Dados do Trabalho

Título

Registro Brasileiro de Anafilaxia – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (RBA-ASBAI): investigação e tratamento de pacientes registrados

Resumo

Introdução: A anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade sistêmica grave, potencialmente fatal. O seu impacto vem crescendo nos últimos anos, entretanto há poucos dados sobre sua epidemiologia no nosso meio. O objetivo deste estudo foi avaliar a investigação e os principais tratamentos de pacientes com história de reações anafiláticas, cujos dados foram inseridos no RBA-SBAI até maio de 2024.
Métodos: O RBA-SBAI é um registro nacional de anafilaxia obtido pelo preenchimento de um questionário online por seus médicos atendentes. Esse questionário contém dados demográficos, desencadeantes suspeitos, manifestações clínicas, investigação diagnóstica, tratamento e aconselhamento. O estudo teve aprovação do CEP do Instituto Pensi (Nº5.145.239). A análise estatística foi realizada através do Jamovi® (Versão 2.3).
Resultados: Foram avaliados 318 pacientes, com a seguinte distribuição: 120 crianças/adolescentes (<18 anos); 176 adultos (18-64 anos) e 22 idosos (65-81 anos). Quanto à investigação, 26 (8,2%) realizaram dosagem de triptase sérica; 210 realizaram outros exames com a seguinte frequência: dosagem de IgE sérica específica (180/318; 56,6%), testes cutâneos (69/318; 21,7%) e/ou testes de provocação (13/318; 4%). Com relação ao tratamento, 96,2% dos pacientes receberam algum tipo de tratamento, sendo que 50,3% receberam adrenalina (42,1% administrada por profissional e 8,2% via kit). Apenas 43 pacientes portavam o kit. O uso de adrenalina foi maior em adultos do que em crianças (54,5% vs 40,8%, p=0,008). Anti-histamínicos foram utilizados por 89,9%, corticosteroides por 79,9%, broncodilatador por 30,8%, oxigenioterapia por 29,2% e reposição volêmica em 31,8%. Quinze pacientes foram entubados (11 adultos/2 idosos/2 crianças) e dez foram reanimados (6 adultos/3 idosos/1 criança).
Conclusões: O uso da adrenalina continua abaixo do ideal no Brasil, enquanto tratamentos de terceira linha, como anti-histamínicos e corticosteroides são utilizados pela maioria dos pacientes.