Dados do Trabalho

Título

Dessensibilização ao alopurinol em reação de hipersensibilidade tardia: é possível?

Resumo

Título: Dessensibilização ao alopurinol em reação de hipersensibilidade tardia: é possível?
Introdução: alopurinol está entre as medicações mais associada a reações de hipersensibilidade tardias (RHT) a drogas, inclusive farmacodermias graves. Apresentamos um caso de dessensibilização ao alopurinol numa RHT não grave.
Relato do caso: Paciente com hiperuricemia, com crises frequentes de gota, com exantema maculopapular leve recorrente com uso de alopurinol e sem resposta clínica com outras medicações, com recomendação de usar 300mg/dia do fármaco.
Indicada dessensibilização lenta, com o paciente hospitalizado, sendo iniciada com a dose de 0,01mg (D1), sendo proposto esquema com administração a cada 3 horas, dobrando a dose a cada aplicação. Pouco antes de 2h após atingir 0,03mg evoluiu com exantema macular pruriginoso. Foi medicado com loratadina 20mg, com remissão após 20min, repetida dose no D2. Repetida a dose anterior do alopurinol, sem recidiva do quadro cutâneo até atingir 0,07mg. Não teve mais reações adversas, tendo atingido 100mg no D4 em 3 tomadas. Teve alta no D5, mantendo 100mg/dia em dose única ambulatorialmente por 7 dias e aumentamos 100mg a cada semana sob supervisão ambulatorial por 4 horas, até atingir o alvo de 300mg no D18, sem intercorrências.
Paciente mantem seguimento com reumatologia em uso correto da medicação e mantem níveis de ácido úrico pela primeira vez no alvo e sem crises.
Discussão: Embora o alopurinol seja um dos maiores causadores de farmacodermias graves, ele também acarreta reações não imediatas leves. Em casos em que esse fármaco é insubstituível, a dessensibilização lenta pode ser uma opção para permitir ao paciente o melhor tratamento de sua comorbidade.