Dados do Trabalho

Título

Hepatopatia em pacientes com Imunodeficiência Comum Variável: correlação com agentes terapêuticos e evolução da doença

Resumo

Introdução: A hepatopatia em pacientes com Imunodeficiência Comum Variável (ICV) aumenta a morbidade e mortalidade da doença. Não há relatos da relação entre uso de medicações e hepatopatia na ICV e nem protocolos definidos para o seguimento clínico. Este estudo buscou correlacionar o uso de imunoglobulina intravenosa (IgIV), agentes terapêuticos e variáveis clínicas com o desenvolvimento de hepatopatia em pacientes com ICV.
Métodos: Estudo retrospectivo de análise de prontuários de pacientes de um hospital terciário com diagnóstico de ICV, acima de 18 anos, ambos os sexos. Foram analisados os últimos 10 anos de acompanhamento e os participantes foram divididos em 3 grupos: hepatopatia e/ou hipertensão portal (HP), esplenomegalia isolada e sem anormalidades do eixo esplenoportal.
Resultados: Incluídos 116 pacientes, 35,3% com hepatopatia/HP, 25% com esplenomegalia isolada e 39,7% sem anormalidades. Não houve diferença significativa na mediana de tempo para o desenvolvimento de esplenomegalia entre o grupo hepatopatia/HP e esplenomegalia isolada. A mediana de tempo entre o diagnóstico da esplenomegalia e HP foi de 4 anos. Não houve diferença significativa no tempo de uso IgIV, dose de IgIV e valor das imunoglobulinas séricas no diagnóstico entre os 3 grupos. Quanto aos antibióticos profiláticos, apenas a azitromicina mostrou uso significativamente maior no grupo sem anormalidades (p=0,028). No tratamento de infecções agudas, o uso de metronidazol/antiparasitários foi significativamente maior no grupo hepatopatia/HP (4,8 dias/anos), p=0,025. Houve diferença significativa na ocorrência de diarreia entre os 3 grupos (p<0,001), sendo 78,1% do grupo hepatopatia/HP.
Conclusão: Exames de imagem periódicos são recomendados para triagem dessas alterações. Os dados sugerem que não há relação entre o uso de IgIV e antibióticos com o desenvolvimento de hepatopatia na ICV. A diarreia recorrente, mais comum em pacientes com HP, pode justificar o maior uso de antiparasitários.