Dados do Trabalho

Título

Diagnóstico de alergia alimentar mediada por IgE durante a pandemia por COVID-19: O que mudou?

Resumo

Introdução: O diagnóstico da alergia alimentar pode ser desafiador e resultar em uma incidência superestimada quando conduzido de maneira inadequada. Realizá-lo com critério reflete em números significativamente menores do que as estimativas atuais. Portanto, este estudo tem como objetivo estabelecer a incidência de alergia alimentar no primeiro ano de vida entre crianças nascidas em uma cidade do interior do Brasil. Métodos: Recém-nascidos de 2019 e 2020 de duas maternidades públicas foram acompanhados pelas seguintes etapas: (1) entrevista na maternidade, (2) entrevista de acompanhamento por telefone após 12 meses, (3) teleconsulta para investigação de suspeita de alergia alimentar, e (4) avaliação clínica e realização de testes alérgicos e teste de provocação oral para confirmação diagnóstica. Resultados: Dos 3373 neonatos recrutados ao nascimento, 2099 participaram do acompanhamento por telefone após 12 meses e 144 com suspeita de alergia alimentar passaram pela confirmação diagnóstica. Foram realizados 17 testes de puntura cutânea e 13 testes de provocação oral em 16 lactentes para 11 alimentos diferentes. Apenas 5 participantes confirmaram alergia alimentar a ovos (4), leite de vaca (1) e amendoim (1). A incidência de alergia alimentar mediada por IgE no primeiro ano de vida foi de 0,23%, enquanto por alimento foi de 0,19% para ovo e 0,05% para leite e amendoim. Conclusões: O estudo demonstra uma incidência reduzida de alergia alimentar em comparação com estudos anteriores e destaca a importância de um diagnóstico criterioso para diminuir o impacto na saúde do paciente. Os principais alérgenos foram ovos, leite e amendoim. Consideramos improvável que qualquer participante tenha adquirido tolerância antes de ter sido diagnosticado em nosso estudo realizado durante a pandemia e que as restrições aos cuidados médicos não tiveram um impacto significativo nos resultados.