Dados do Trabalho

Título

Urticária crônica no Brasil: diferenças regionais na trajetória e manejo do paciente

Resumo

A. Introdução: A jornada para o diagnóstico e dificuldades no tratamento da Urticária Crônica (UC) determinam impacto adicional para os pacientes que sofrem com a doença. O objetivo do estudo foi avaliar dados epidemiológicos, as principais dificuldades para diagnóstico e manejo da UC nas diferentes regiões do Brasil.
B. Métodos: Estudo transversal e observacional. Foram incluídos 388 pacientes maiores de 12 anos de idade com UC, de todas as regiões do Brasil, recrutados por redes sociais para responder um questionário online.
C. Resultados: A maioria (93%) era do sexo feminino, entre 18 e 40 anos (61,3%), e da região Sudeste do Brasil (56,2%). A UC Espontânea (UCE) foi predominante (66,5%), com 80% apresentando angioedema. O tempo para diagnóstico foi maior no Nordeste (2 anos ou mais em 35,3%) quando comparado com Sudeste e Sul (p = 0,035 e p= 0,011). A maioria (64,9%) foi diagnosticada entre 18 e 39 anos. Dificuldades de acesso a serviços especializados foram relatadas por 30,9% dos pacientes, mais comuns no Nordeste e Centro-Oeste (p<0,001 e p=007). A maioria visitou de 3 a 5 médicos antes do diagnóstico no Norte, Sudeste e Sul, e os principais motivos foram não ter melhorado com tratamento (44,3%), falta de conhecimento da doença pelo médico (48,2%) e falta de confiança no médico (12,4%). O tratamento com anti-histamínico foi frequente entre as regiões (75,5%); já o uso de Anti-IgE foi significativamente maior no Sul quando comparado com Nordeste (p=0,011). O uso indiscriminado de corticosteroides foi semelhante em todas as regiões e o Teste de Controle da Urticária indicou UC não controlada em todas (valor médio de 6,85 no Norte e Nordeste; 8,93, 8,09 e 8,91 no Centro-Oeste, Sudeste e Sul, respectivamente).
D. Conclusões: O controle da UC no Brasil está aquém do desejado, com tempo variável para diagnóstico (maior no Nordeste), e pacientes enfrentando dificuldades de acesso a serviços especializados principalmente no Nordeste e Centro-Oeste.